Bangladesh desfruta de uma calma instável em meio ao toque de recolher, enquanto os manifestantes deram ao governo um prazo de 48 horas para atender às novas demandas.
A interrupção generalizada das telecomunicações persistiu na segunda-feira, um dia após a Suprema Corte ter revogado a maioria das controversas cotas de empregos que levaram aos protestos.
Conflitos entre estudantes manifestantes e forças de segurança mataram cerca de 163 pessoas no país do sul da Ásia depois que o Tribunal Superior retomou no mês passado a legislação — revogada pelo governo da primeira-ministra Sheikh Hasina em 2018 — reservando 56% dos valiosos empregos governamentais para grupos como famílias de combatentes pela liberdade, mulheres e pessoas de áreas subdesenvolvidas.
No domingo, no entanto, a Suprema Corte ordenou que 93% dos empregos estaduais deveriam ser alocados com base no mérito.
“Continuaremos nossos protestos até que o governo publique o veredito no diário”, disse um estudante da Universidade de Dhaka, falando sob condição de anonimato, em referência ao registro oficial de decisões do governo.
Os manifestantes estudantis também exigiram a libertação dos líderes do protesto detidos, o fim do toque de recolher e a reabertura das universidades fechadas desde quarta-feira.
Eles deram ao governo 48 horas para agir, mas não ficou imediatamente claro o que aconteceria depois.
Não houve relatos de violência ou protestos na segunda-feira e a mídia disse que o toque de recolher seria relaxado por três horas à tarde, prorrogado em relação às duas horas do dia anterior, para que as pessoas pudessem comprar produtos essenciais.
Tanques do exército foram vistos estacionados em vários pontos das ruas de Dhaka, a capital, enquanto patrulhas de segurança armadas orientavam os poucos motoristas que se aventuravam a sair.
Lojas de departamento disseram que estavam ficando sem estoques por causa de interrupções no fornecimento após as restrições. A suspensão dos serviços de internet também afetou os planos de viagem e serviços essenciais.
Milhares ficaram feridos nos protestos da semana passada, quando as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e granadas sonoras para dispersar os manifestantes.
Especialistas atribuíram a agitação à estagnação do crescimento de empregos no setor privado e às altas taxas de desemprego entre os jovens, o que tornou os empregos governamentais, com seus aumentos salariais regulares e outros privilégios, mais atraentes.
Hasina, que foi empossada para um quarto mandato consecutivo este ano, foi acusada de autoritarismo, violações de direitos humanos e repressão à liberdade de expressão e dissidência no passado — acusações que seu governo nega.
