Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, elogiou seu chefe, o presidente Joe Biden, um dia depois de ele ter desistido da corrida presidencial e a apoiado como sua sucessora.
“O legado de realizações de Joe Biden nos últimos três anos é incomparável na história moderna”, disse Harris na segunda-feira, em sua primeira aparição pública desde que o líder dos EUA, de 81 anos, anunciou abruptamente sua retirada das eleições de novembro um dia antes.
“Em um mandato, ele já superou o legado da maioria dos presidentes que têm dois mandatos no cargo”, disse Harris em um evento na Casa Branca para homenagear atletas universitários, onde ela estava substituindo Biden, que está se recuperando em sua casa em Rehoboth Beach, Delaware, após testar positivo para COVID-19 na semana passada.
Em sua declaração, no entanto, Harris, 59, não se referiu especificamente ao seu novo status como a principal candidata democrata para substituir Biden como indicada presidencial do partido.
Enquanto isso, praticamente todos os democratas proeminentes que eram vistos como potenciais desafiantes de Harris se alinharam a ela, incluindo Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes e uma das democratas mais antigas e conhecidas.
Pelosi, que continua influente desde que deixou o cargo de presidente da Câmara em 2022, desempenhou um papel de liderança em persuadir Biden a encerrar sua campanha em meio a preocupações sobre sua acuidade mental e capacidade de derrotar o republicano Donald Trump ou de servir por mais quatro anos.
“Com amor e gratidão, saúdo o presidente Biden por sempre acreditar nas possibilidades da América e dar às pessoas a oportunidade de atingir sua realização”, disse Pelosi, 84, em um comunicado na segunda-feira.
“Devemos nos unir e avançar para derrotar Donald Trump de forma retumbante e eleger com entusiasmo Kamala Harris como a próxima presidente dos Estados Unidos.”
Biden e Harris trabalham juntos desde 2020. Conforme o presidente dos EUA solidificou sua liderança na eleição daquele ano, ele prometeu que selecionaria uma mulher como sua companheira de chapa. A seleção de Harris foi vista como um esforço para atrair eleitores negros e energizar a base do partido.
No domingo, ao declarar que estava abandonando sua campanha de reeleição, Biden escreveu no X que seu apoio a Harris foi “a melhor decisão” que ele tomou.
Autoridades da campanha e aliados já fizeram centenas de ligações em nome de Harris, pedindo aos delegados da convenção do Partido Democrata do mês que vem que se juntem para indicá-la como presidente na eleição de 5 de novembro contra Trump.
O novo indicado do partido será escolhido na convenção em Chicago no mês que vem, quando mais de 4.000 autoridades e ativistas do partido se reunirão para votar.
Harris, no entanto, ainda pode enfrentar concorrentes que buscam a nomeação democrata nos próximos dias.
Rebekah Caruthers, vice-presidente do Fair Elections Center, disse à Al Jazeera que Harris tem um histórico sólido quando se trata de vencer eleições.
“Ela esteve na cédula muitas vezes, como promotora distrital, procuradora-geral da Califórnia. Ela própria concorreu à presidência durante o ciclo de 2020”, disse Caruthers.
“Uma coisa que a campanha de Harris tem divulgado: cada vez que Kamala Harris está na cédula, ela vence a eleição.”
Mas alguns democratas estavam preocupados com a candidatura de Harris, em parte por causa do peso de uma longa história de discriminação racial e de gênero nos EUA, que não elegeu uma mulher presidente em seus quase 250 anos de história.
“Devemos todos nos preparar para o ataque violento que qualquer candidato histórico enfrentaria”, disse a deputada Alexandria Ocasio-Cortez aos repórteres. “A misoginia em nossa política está longe de acabar. O racismo em nossa política – especialmente confrontando Donald Trump como um oponente – está longe, longe de acabar.”
