Keir Starmer alertou que não existe solução mágica para acabar com a pobreza infantil.
Londres:
Keir Starmer enfrentou seu primeiro interrogatório na Câmara dos Comuns como primeiro-ministro do Reino Unido na quarta-feira, após suspender sete de seus próprios parlamentares trabalhistas por se rebelarem contra uma polêmica política de bem-estar social.
Starmer suspendeu os rebeldes trabalhistas na terça-feira à noite depois que eles apoiaram uma moção exigindo a remoção do controverso limite de dois filhos nos benefícios introduzido pelo governo conservador anterior.
Seus votos apoiando o fim do teto — introduzido em 2015 e que restringe os pagamentos aos dois primeiros filhos nascidos na maioria das famílias — são um teste inicial da autoridade de Starmer.
O novo líder do Reino Unido alertou que “não há solução mágica” para acabar com a pobreza infantil, mas reconheceu a “paixão” dos parlamentares que se opõem à manutenção da política.
“O último governo trabalhista tirou milhões de crianças da pobreza, algo de que temos muito, muito orgulho”, disse Starmer em sua primeira sessão de perguntas ao primeiro-ministro como líder do Reino Unido, referindo-se ao ex-primeiro-ministro Gordon Brown, que deixou o cargo em 2010.
“E este governo abordará a questão com o mesmo vigor com nossa nova força-tarefa. Já tomamos medidas”, ele acrescentou, referindo-se aos clubes de café da manhã nas escolas e à abolição de despejos sem culpa para inquilinos.
A decisão de Starmer de suspender o chicote do grupo de esquerdistas, que incluía o ex-porta-voz financeiro John McDonnell, foi vista como uma demonstração de crueldade de sua nova administração.
O líder trabalhista assumiu o poder há apenas algumas semanas, depois que seu partido, na oposição por 14 anos, venceu com grande vantagem as eleições gerais de 4 de julho.
A vitória ocorreu após uma luta de quatro anos desde que ele se tornou líder do partido para levar o Partido Trabalhista de volta ao centro político, em detrimento do regime de extrema esquerda do antigo líder Jeremy Corbyn.
Em 2019, o partido teve seu pior resultado eleitoral em quase um século sob o comando de Corbyn.
‘Assunto sério’
Apesar da questão sobre a rebelião do teto de dois filhos, Starmer teve uma primeira sessão de perguntas ao primeiro-ministro bastante amigável, com seu oponente derrotado na eleição, Rishi Sunak, lançando uma série de perguntas fáceis ao seu sucessor.
“Estou feliz que em nossas trocas até agora mantivemos um consenso entre partidos sobre questões importantes de política externa e, com esse espírito, hoje eu queria concentrar nossa troca na Ucrânia e na segurança nacional”, disse Sunak.
Na terça-feira à noite, os parlamentares votaram por 363 a 103 para rejeitar uma emenda do Partido Nacional Escocês (SNP) para acabar com o teto do benefício para dois filhos, dando ao governo uma maioria de 260.
No entanto, além dos sete que votaram a favor da emenda, mais de 40 parlamentares trabalhistas não registraram nenhum voto, destacando o nível de desconforto dentro do partido de centro-esquerda com a medida.
A votação tentou forçar uma mudança na agenda legislativa do governo para os próximos meses, que foi definida no Discurso do Rei da semana passada.
Kim Johnson, deputada trabalhista por Liverpool, disse que votou com o governo “pela unidade”, mas alertou que “a campanha continuará”.
O líder do SNP em Westminster, Stephen Flynn, disse que o Partido Trabalhista “falhou em seu primeiro grande teste no governo” ao escolher não “promover mudanças significativas após anos de desgoverno conservador”.
Defendendo as suspensões, o porta-voz político de Starmer disse aos repórteres que desafiar o governo em um discurso do Rei era “um assunto sério”.
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