Uma galeria de impressionantes ocre pinturas desenhadas em enormes rochas oferecem uma visão sobre a estreita relação entre humanos e animais que viviam na Amazônia há milhares de anos.
A obra de arte está localizada em afloramentos rochosos no Cerro Azul, na Serranía de la Lindosa, um penhasco na Colômbia. Ela apresenta 3.223 desenhos de humanos e animais, incluindo uma coleção de peixes, répteis e mamíferos de vários tamanhos, de acordo com um novo estudo na edição de setembro do Revista de Arqueologia Antropológica.
Algumas das imagens até retratam animais e humanos se transformando uns nos outros, indicando “a rica mitologia que guiou gerações de indígenas da Amazônia”, de acordo com uma declaração do Universidade de Exeter.
Embora os pesquisadores não tenham datado formalmente a tela de arte, eles estimaram que ela existe desde 10.500 a.C.
“Esses sítios de arte rupestre incluem as primeiras evidências de humanos na Amazônia ocidental, datando de 12.500 anos”, disse o autor principal. Marca Robinsonprofessor associado do Departamento de Arqueologia e História da Universidade de Exeter, disse no comunicado.
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A equipe encontrou pelo menos 22 espécies de animais, incluindo veados, pássaros, queixadas, lagartos, tartarugas e antas. Depois de comparar os desenhos de animais com ossos de animais antigos massacrados encontrados em escavações próximas, os arqueólogos descobriram que a representação proporcional dos desenhos por espécie não correspondia à proporção de ossos de animais, indicando que os povos indígenas não pintavam apenas o que comiam. Os ossos massacrados incluíam uma dieta diversa, incluindo peixes, mamíferos e répteis, como cobras e crocodilos.
“A arte é uma visão incrível de como esses primeiros colonos entenderam seu lugar no mundo e como eles formaram relacionamentos com os animais”, disse Robinson. “O contexto demonstra a complexidade dos relacionamentos amazônicos com os animais, tanto como fonte de alimento, mas também como seres reverenciados, que tinham conexões sobrenaturais e exigiam negociações complexas de especialistas em rituais.”
Como a arte rupestre é tão extensa, os pesquisadores optaram por se concentrar em seis painéis, incluindo o El Más Largo, de 40 metros de comprimento, que contém 1.000 desenhos, e o painel muito menor, de 10 metros de comprimento, conhecido como Principal, que contém 244 imagens, de acordo com o comunicado.
Após catalogar as obras de arte, os pesquisadores descobriram que 58% dos desenhos eram figurativos, dos quais metade eram imagens de animais. Eles também notaram cenas retratando pessoas pescando.
Os pesquisadores só podem especular sobre o propósito e o significado da arte rupestre.
“Embora não possamos ter certeza do significado dessas imagens, elas certamente oferecem uma maior nuance à nossa compreensão do poder dos mitos nas comunidades indígenas”, disse o coautor do estudo. José Iriarteum professor de arqueologia na Universidade de Exeter, disse na declaração. “Eles são particularmente reveladores quando se trata de aspectos mais cosmológicos da vida amazônica, como o que é considerado tabu, onde o poder reside e como as negociações com o sobrenatural foram conduzidas.”