“A minha principal mensagem é que temos de estar prontos para a mudança e preparados para utilizar a flexibilidade dos nossos enquadramentos [de política monetária]conforme se mostre necessário. Para garantir a estabilidade no futuro, a nossa abordagem deve continuar a incorporar “estabilidade sem rigidez”, permitindo-nos ajustar rapidamente à medida que a economia se transforma”, disse esta sexta-feira Christine Lagarde na conferência que pronunciou em Washington no Fundo Monetário Internacional (FMI).
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) sublinhou que o mandato de controlo da inflação não deve ser alterado, mesmo num período, como o atual, em que ela é “mais volátil” e o efeito da política monetário mais “incerto”. “Mas não podemos ter rigidez”, frisou a francesa que foi a convidada deste ano para a palestra anual em memória de Michel Camdessus, um economista francês que foi diretor-geral do FMI durante treze anos.
Lagarde adiantou, ainda, que “aumentar o uso da Inteligência Artificial (IA) será um elemento importante”, cujo papel o BCE está a analisar na revisão estratégica que vai anunciar no segundo semestre do próximo ano. A relevância da IA para a política monetária centra-se em “identificar não linearidades na previsão macroeconómica, em usar grandes conjuntos de dados para previsão de eventos e melhorar a previsão da inflação”, nomeadamente na previsão de curto prazo. O que permitirá analisar a inflação em tempo real e usar melhor os cenários alternativos.
As mudanças em curso
As transformações atuais em curso não vão revolucionar os objetivos da política monetária como aconteceu há um século atrás. Mas é provável que tenham um impacto mais profundo na transmissão da política monetária”, disse Lagarde.
Essa probabilidade serviu de introdução para desenvolver as transformações em curso, que vão da desglobalização e da fragmentação geopolítica ao papel da IA que “tem um efeito de amplificação dos ciclos de crédito e da volatilidade”, ao poder de mercado das empresas “ganhadoras” e da tecnologia financeirao sector das novas empresas de serviços financeiros baseadas em tecnologia.
Todas estas transformações implicam mais incerteza, que continuará elevada, e isso exige “saber geri-la melhor”, acrescentou a presidente do BCE.
