No Médio Oriente, um caldeirão a fervilhar, a pergunta das próximas horas será: “É possível escalar para desescalar?” Por outras palavras: é possível intimidar o adversário para adotar uma solução diplomática? Israel e o Hezbollah têm repetido as escaladas sucessivas de violência no último ano, mas, desde 17 de setembro (já lá vamos), Israel e o Líbano aproximaram-se de uma guerra direta como nunca acontecera desde 2006.
“A política de Israel de escalar para desescalar durante a última semana visa obrigar o Hezbollah a reverter uma das suas políticas centrais: usar o seu arsenal substancial para atacar o norte de Israel até que Israel chegue a um acordo de cessar-fogo em Gaza com o Hamas”, comenta ao Expresso Sean Foley, professor na Universidade do Tennessee Central, nos Estados Unidos, e perito em História do Médio Oriente.
Os ataques do Hezbollah, que se prolongam desde outubro de 2023, forçaram 60 mil israelitas a sair das suas casas no norte, criando pela primeira vez “algo semelhante a uma zona tampão dentro de Israel”, define Foley. Durante meses, tem havido imensa pressão política em Israel para levar estas pessoas para casa, mas, apesar dos ataques sofisticados e implacáveis de Israel, o Hezbollah não mudou de rumo.
O líder da organização extremista, Hassan Nasrallah, afirmou na semana passada que o grupo apoiará o Hamas, aconteça o que acontecer na região. “Se a estratégia de escalar para desescalar não funcionar, uma invasão terrestre é o passo lógico seguinte”, reconhece Foley. “Os israelitas preparam-se há anos para este tipo de operações, treinando no vizinho Chipre, cuja topografia é semelhante à do Líbano.”