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Zelensky visita EUA para pedir ‘ok’ sobre mísseis de longo alcance, Rússia responde e prepara complexo nuclear

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Volodymyr Zelensky está de visita nos Estados Unidos da América, onde arrancou esta segunda-feira uma estadia de uma semana para conversar com a Casa Branca, mas também com os candidatos às presidenciais de novembro, sobre o apoio norte-americano à Ucrânia.

E a visita, como não podia deixar de ser, começou com um foco no fornecimento de armamento às tropas ucranianas. Zelensky esteve numa fábrica de munições no estado do Pensilvânia, em Scranton – curiosamente, a terra onde nasceu Joe Biden -, onde disse apenas: “Obrigado. E precisamos de mais”. O Presidente ucraniano tem vindo a elogiar o apoio dos EUA à Ucrânia, mas também notado que as demoras na aprovação de entregas de armamento tem prejudicado o esforço no terreno contra a invasão da Rússia.

A semana será bem preenchida para Volodymyr Zelensky, que vai estar na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, nos próximos dois dias. Depois, viajará para Washington D.C., onde vai encontrar-se com o Presidente Joe Biden e com a vice-presidente, Kamala Harris.

O líder ucraniano decidiu visitar o seu mais importante aliado por razões militares e políticas. A Ucrânia invadiu recentemente a fronteira russa, ocupando um vasto terreno na região de Kursk. Contudo, a falta de armamento, entre outros motivos, tem obrigado os ucranianos a esticar os seus recursos, ficando difícil segurar o território invadido a norte e a linha da frente a leste.

Zelensky tem pedido aos seus aliados ocidentais para que autorizem o uso de sistemas de mísseis de maior alcance, materiais que foram doados à Ucrânia para defender o seu território, e com os quais pretende atacar em território russo mais a norte da fronteira. O Pentágono e a Casa Branca têm-se mostrado relutantes em dar essa permissão, dadas as implicações diplomáticas com a Rússia, mas Zelensky deverá abordar o assunto nas suas reuniões com Biden e Harris.

A Sky News avança que o Presidente ucraniano vai apresentar um “plano de vitória”, esperando-se que o uso de mísseis de longo alcance seja uma parte crucial desse plano.

Além disso, a visita de Zelensky coincide com a campanha para as presidenciais norte-americanas, e as autoridades ucranianas têm olhado com receio para a possibilidade de Donald Trump ser o próximo líder dos EUA. Trump, num debate televisivo no início do mês, recusou dizer se olharia com bons olhos a um acordo de paz com a Rússia que desse os ganhos territoriais atuais aos russos, algo que Kiev rejeita firmemente. Mas o seu candidato a vice-presidente, J.D. Vance, já disse em entrevistas públicas que uma Casa Branca republicana estaria disposta a abandonar o apoio à Ucrânia e a pôr um fim à guerra, aceitando os termos da Rússia de manter os territórios que ocupa atualmente, como Donetsk e Lugansk.

Rússia preparou complexo para testes em resposta a ações de EUA

A Rússia anunciou esta segunda-feira ter preparado para realizar testes as instalações do complexo nuclear de Nova Zemlya, no Ártico – o local do último teste atómico soviético, em 1990 -, em resposta às medidas adotadas pelos Estados Unidos.

“Isto foi também feito em reação aos passos de Washington que, ao longo dos últimos anos, se centrou no aperfeiçoamento das infraestruturas neste setor”, declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, noticiou a agência RIA Novosti.

Riabkov confirmou assim as informações surgidas na comunicação social russa de que o complexo nuclear está “totalmente preparado”. “O complexo está preparado para a retomada das atividades de testes em grande escala. Está totalmente pronto (…). O pessoal está preparado. Quando chegar a ordem, em qualquer momento, podemos iniciar o ensaio”, disse o contra-almirante Andrei Sinitsin, que dirige o complexo situado no arquipélago ártico, ao diário Rossiskaya Gazeta.

O responsável militar sublinhou que se as autoridades russas decidirem retomar os testes, essa ordem “será cumprida no prazo temporal previsto”. Ao mesmo tempo, Riabkov salientou que a posição russa em relação a testes nucleares não se alterou desde que, em novembro de 2023, o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou a lei que revogou a ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares.

Vladimir Putin

Contribuinte

Guerra na Ucrânia

“Conforme determinou e formulou o Presidente da Rússia, podemos realizar esses testes, mas não os realizaremos se os Estados Unidos [também] se abstiverem de tais medidas”, explicou. Riabkov respondeu assim à pergunta sobre se Moscovo realizará ensaios nucleares em reação à autorização ocidental para que Kiev utilize os seus mísseis de longo alcance contra alvos em território russo.

Recentemente, Putin avisou que, se o Ocidente der ‘luz verde’ a Kiev, “isso significará que os países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), os Estados Unidos e os países europeus estarão em guerra com a Rússia”.

Alguns políticos e analistas russos instaram nos últimos meses o Kremlin a aprovar um teste nuclear como advertência ao Ocidente pelo fornecimento de armamento à Ucrânia. Enquanto decorria o XXII Congresso do Partido Comunista da União Soviética, o complexo nuclear de Nova Zemlya foi palco, a 30 de outubro de 1961, do teste da bomba atómica mais potente da história, conhecida como Bomba Czar.

O Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, aprovado pela Assembleia-Geral da ONU a 10 de setembro de 1996, foi assinado por 185 países, incluindo a Rússia, que o ratificou a 30 de junho de 2000. Nove países nunca o ratificaram, entre os quais figuram os Estados Unidos, a China, o Irão e Israel, ao passo que a Índia, o Paquistão, a Coreia do Norte e a Síria nem sequer o assinaram.

A Coreia do Norte, país que recentemente divulgou as primeiras imagens das suas instalações de enriquecimento de urânio, é o único país que realizou um teste nuclear no século XXI.

Outras notícias

> O Kremlin mostrou-se disponível para analisar o chamado “plano de vitória” que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pretende apresentar esta semana durante a sua visita aos Estados Unidos. “Quando houver qualquer informação através de meios oficiais, nós, naturalmente, iremos estudá-la cuidadosamente”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa telefónica diária desta quarta-feira;

> Uma comissão internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) que se dedica a investigar crimes de guerra assegurou esta segunda-feira ter reunido provas suficientes de que as autoridades russas recorrem à tortura contra civis e prisioneiros de guerra ucranianos. Esta comissão concluiu que a tortura tornou-se uma prática “comum e aceitável”, que goza de impunidade, e confirmou o uso recorrente de violência sexual, nomeadamente contra homens detidos;

> A Ucrânia defendeu esta segunda-feira perante o Tribunal Permanente de Arbitragem (CPA) que a ponte da Crimeia, construída no Estreito de Kerch pela Rússia para unir o seu território a esta península, “deve ser desmantelada”, por ser ilegal. O embaixador ucraniano em Haia, Anton Korynevych, denunciou que a Rússia pretende “apropriar-se” do mar ucraniano de Azov, ligado ao Mar Negro através do Estreito de Kerch, que dá acesso a Mariupol e Berdyansk, dois importantes portos no leste da Ucrânia e centros de exportação de aço e minerais ucranianos;

> A relatora da ONU para os direitos humanos na Rússia, Mariana Katzarova, alertou esta segunda-feira que prisioneiros russos que fizeram parte de 170 mil reclusos recrutados pelo Exército para combater na Ucrânia voltaram a cometer crimes no regresso ao país. O recurso a prisioneiros “tornou-se numa política oficial do Ministério da Defesa russo”, oferecendo-lhes indultos, penas reduzidas e até uma limpeza completa dos seus registos judiciais, apesar de muitos deles terem sido condenados por crimes muito graves, revelou a relatora.

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