Pelo fato ou pelo próprio pensamento de pessoas idosas que ainda se sentem atraídas pelo amor e pela sexualidade, não são poucos os que ficam enojados. Mas é difícil ignorar a ideia de que a ausência de amor e de proximidade pode ser a principal razão da solidão muitas vezes percebida, descrita e muitas vezes tratada superficialmente dos idosos, contra a qual se propõem remédios para preencher o vazio indefinido, como sair em centros intergeracionais, fazendo trabalhos manuais, recorrendo a cavalos, movimentando-se ao ar livre.
Este tipo de medidas podem eliminar individual ou coletivamente momentos individuais de ansiedade, mas não resolvem a necessidade fundamental de proximidade. Talvez seja mais uma distração, um desvio de atenção da necessidade de alguém querer alguém, de querer alguém nós mesmos. Contudo, é difícil não concordar com a observação de que, assim como uma criança não é uma pessoa incompleta, um velho não é uma pessoa madura aleijada, mas uma personalidade completa que passa por uma nova experiência. Que ele não abrirá mão de sua liberdade para que outros o aceitem como seu. Que ele não se esforçará apenas para agradar, para pertencer, porque isso é esperado dele, sem ele mesmo querer.
Mesmo na velhice, a intimidade e o amor desempenham um papel central. A relação entre dois idosos pode ser concebida simplesmente como uma troca de benefícios mútuos. Mas pode ser um período de desenvolvimento que não está separado das experiências passadas.
