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Assembleia da ONU: Zelensky acusa China e Brasil de imporem planos de paz que “ignoram o sofrimento dos ucranianos e a realidade”

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Zelensky disse que o líder russo, Vladimir Putin, está à procura de formas de “quebrar o espírito ucraniano”, nomeadamente através dos ataques à infraestrutura energética, que podem tornar o inverno uma época de “tormento” para “milhões de famílias normais”.

Em discurso na 79.ª Assembleia Geral da ONU, esta quarta-feira, o Presidente ucraniano voltou a fazer um discurso duro para com o invasor e nações que apoiam (ou pelo menos toleram) as ambições expansionistas russas.

“A Rússia destruiu todas as nossas centrais térmicas e grande parte da nossa capacidade hidroeléctrica. É assim que Putin se prepara para o inverno, na esperança de atormentar milhões de ucranianos. Putin quer deixá-los às escuras e obrigar a Ucrânia a sofrer e a render-se”, disse o Presidente ucraniano, no início do discurso.

Luís Montenengro à chegada ao local de voto para as eleições diretas do PSD

ESTELA SILVA/Lusa

Na intervenção perante o Conselho de Segurança, Zelensky já tinha dito ter ter provas de que Putin está a planear atingir três centrais nucleares para dificultar o aquecimento das casas ucranianas durante o inverno.

Os temas da proteção das infraestruturas essenciais e da segurança nuclear são apostas seguras de Zelensky em quase todos os discursos porque é difícil discordar da urgência de qualquer um dos dois. Mesmo as nações que podem não estar completamente alinhadas com o Ocidente no que toca à Ucrânia têm todo o interesse em ajudar a proteger o mundo de algo que pode ser várias vezes pior que Chernobyl.

Depois de falar das urgências – e a perspectiva de um inverno na Ucrânia sem aquecimento ou com acesso intermitente a aquecimento é mesmo uma urgência – o líder ucraniano voltou aos apelos que tem feito em quase todos os discursos. Enquanto discursava, as câmaras que estão a transmitir o evento para todo o mundo estiveram parte do tempo focadas no local onde se senta a delegação russa. Duas mulheres, com cara séria, ouviam com atenção.

CHARLY TRIBALLEAU

Internacional

“Infelizmente, na ONU, é impossível resolver verdadeira e definitivamente questões de guerra e paz porque muitas coisas dependem do Conselho e do poder de veto. Quando o agressor exerce o poder de veto, a ONU é impotente para parar a guerra”, disse Zelensky sobre o poder de veto da Rússia.

A solução? A “fórmula de paz” que Zelensky desenhou há mais de dois anos, constituída por dez pontos, mas que Rússia diz não poder aceitar, uma vez que seria uma “capitulaçao”. “Não há poder de veto na fórmula para a paz e por isso que é a melhor oportunidade para a paz. Toda a gente está em pé de igualdade, é eficaz e é abrangente”, defendeu. Os planos alternativos à sua fórmula, como aquele que a China e o Brasil apresentaram, “não ignoram apenas os interesses e o sofrimento dos ucranianos, que são os mais afectados, ignoram a realidade e dão espaço político a Putin para continuar a guerra e colocar mais nações sob seu controlo”.

Talvez, equacionou Zelensky, “alguém queira um Prémio Nobel em vez da paz real”, mas “Putin só lhes dará em troca mais sofrimento e desastres”.

O passado colonial ficou lá atrás

No fim do discurso, que cumpriu o limite aconselhado de 15 minutos, Zelensky olhou para o passado, para criticar o neocolonialismo de Putin e o facto de algumas nações que sofreram o mesmo jugo não se posicionarem agora ao lado da Ucrânia contra o imperalismo russo. “É preciso retirar os ocupantes russos do nosso território, é isso que irá pôr fim às hostilidades e devemos responsabilizar os perpetradores de crimes de guerra. Ao mesmo tempo, é preciso prevenir o ecocídio e travar a destruição da natureza provocada pela guerra”, elencou Zelensky para depois deixar a pergunta: “Que parte desta lista pode ser considerada inaceitável pelos que defendem a Carta da ONU”?

Donald Trump

Kevin Dietsch

Guerra na Ucrânia

Para o caso de a insinuação não ter ficado clara, Zelensky explicitou: “Se alguém no mundo procurar alternativas para qualquer um destes pontos, ou tentar ignorar qualquer um deles, isso provavelmente significa que eles mesmos querem fazer parte do que Putin está a fazer. E quando a dupla sino-brasileira tenta transformar-se num coro de vozes, a par com um país ou outro da Europa, outro de África, que propõem uma alternativo a uma paz plena e justa, a questão que se põe é: quais são os seus verdadeiros interesse?”perguntou Zelensky, numa referência ao documento assinado pela China e pelo Brasil – e desacreditado por muitos aliados da Ucrânia.

“O mundo já passou por guerras coloniais (…). E todos os países, incluindo a China, o Brasil, as nações europeias, as nações africanas e o Médio Oriente, todos compreendem porque é que esses dias devem permanecer no passado”. Os ucranianos, de resto, “nunca aceitarão as razões que podem levar alguém a aceitar que um passado colonial, tão brutal, pode ser imposto à Ucrânia, em vez de uma vida pacífica”.

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