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BLITZ 40 anos: “Teve sempre a música portuguesa como absoluta prioridade”, Nuno Galopim

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No momento em que entramos em contagem decrescente para a grande festa dos 40 anos da BLITZ, na Meo Arena, em Lisboa, a 12 de dezembro – com concertos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que vão ao baú resgatar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos, também, uma mensagem para o futuro.

A primeira memória que o jornalista Nuno Galopim tem da BLITZ dá-se ainda antes de ter começado a trabalhar no então jornal. “Estava na fila do Autódromo do Estoril, para o Grande Prémio de Portugal, a falar do jornal”, lembra. “Na altura, até gastava mais dinheiro em revistas e jornais sobre carros do que sobre música, e estava muito satisfeito por entrar em cena algo que, se calhar, me ia obrigar a dividir a semanada de outra maneira”.

Ressalvando que trata sempre “o BLITZ no masculino”, dado que a sua relação “faz-se profissionalmente no jornal e, depois de 2014, já na revista”, Galopim explica que a BLITZ “marca a [sua] relação com a música como o faz qualquer publicação que nos ajude, com regularidade, a descobrir mais sobre os artistas e os discos de que gostamos, ao mesmo tempo permitindo sempre a descoberta de mais do que aquilo que era a nossa zona de conforto habitual”.

“Foi aí”, continua, que “o BLITZ se superou, através do efeito de, lendo uma página que me interessava, descobrir na página seguinte um nome que não conhecia”. “Antes da internet não era fácil, mas tentava descobrir quem seria”, acrescenta. “Umas vezes concordando com os textos, outras não concordando. Mas é assim que se faz, e sempre fez, a imprensa musical”.

Para o jornalista, o maior contributo da BLITZ para a música portuguesa passa por “tê-la tido sempre, em toda a sua atividade jornalística, como absoluta prioridade, escutando artistas e bandas quase do berço até aos momentos da consagração”. “Lembro-me, já enquanto jornalista, de Pedro Abrunhosa e dos Bandemónio, do qual se assinalam agora os 30 anos do ‘Viagens’…No concerto na Gare Tejo, estava lá eu e a Rita Carmo, a escutar algo que ainda não tinha disco mas que podia vir a ser qualquer coisa. E, no fundo, o que o jornal estava a fazer nessa altura é tudo o que sempre fez: escutar, de raiz, as boas e novas ideias que desde 1984 têm chegado à música portuguesa. Têm sido muitas, felizmente”.

Para o futuro, Nuno Galopim espera que a BLITZ “continue a ter a possibilidade de espaço de noticiário, de construção de um discurso crítico”, sem esconder: “gostava muito de voltar a ver a BLITZ em papel. Mas eu sou da geração do papel…”.

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