Home Entretenimento O compromisso dos bancos com a transição para a sustentabilidade

O compromisso dos bancos com a transição para a sustentabilidade

6
0

Nos últimos anos temos assistido a um aumento da consciencialização sobre a importância da sustentabilidade no âmbito das práticas empresariais e do funcionamento da economia global, como consequência da profusão de iniciativas regulatóriassobretudo no contexto europeu. A sustentabilidade passou a estar no mapa estratégico das empresas e organizações. E isso é bom. Na Europa, os bancos desempenham um papel crucial na aceleração da transição sustentávelatuando não apenas como financiadores, mas também como parceiros de iniciativas em prol da sustentabilidade.

Como financiadores, os bancos desempenham um papel fundamental na orientação das empresas e de projetos uma vez que, através da concessão de crédito e investimento, podem direcionar os fluxos de capital para atividades que promovam a sustentabilidade não apenas das próprias empresas, mas também da economia como um todo. Ao priorizarem o financiamento de iniciativas sustentáveis, como projetos de mobilidade sustentável, economia circular, agricultura regenerativa e tecnologias de baixo carbono, os bancos contribuem para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Simultaneamente, ao apoiarem iniciativas de impacto socialcomo habitação acessível e inclusiva, e o empreendedorismo social, promovem a inclusão social e o desenvolvimento equitativo. Desta forma, cria-se um novo mercado de oportunidades de criação de valor para as empresas assim como para a sociedade.

UM integração de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões de investimento tem assumido uma importância crescente no setor bancário, alinhando-se com compromissos globais como o Acordo de Paris e o Pacto Ecológico Europeu. Tanto em Portugal como na Europa, os bancos avaliam não apenas a viabilidade financeira dos projetos, mas também o seu impacto social e ambientalincluindo riscos físicos e de transição. Com este novo maneira de trabalhar as instituições financeiras contribuem diretamente para os objetivos de desenvolvimento sustentável, promovendo a transição para uma economia neutra em carbono e incentivando as empresas a adotarem práticas mais responsáveis e conscientes.

O aconselhamentoum literacia financeira e o apoio técnico são outras das valências que os bancos podem oferecer às empresas no contexto da sua jornada sustentável. Muitas pequenas e médias empresas em Portugal ainda necessitam de conhecimento sobre o enquadramento e implementação de práticas sustentáveis e sobre o acesso a financiamento verde. Através de equipas especializadas e parcerias com consultoras experientes, os bancos fornecem recursos muito úteis que contribuem para um entendimento efetivo dos desafios e oportunidades da sustentabilidade, ajudando a incorporar este tema na criação de valor adicional para os seus produtos ou serviços disponibilizados aos clientes. Também, desta forma, o setor financeiro promove a transição sustentável e o aumento da resiliência das economias locais.

Paralelamente, a regulamentação e as políticas públicas têm incentivado um aumento do envolvimento dos bancos na sustentabilidade. O governo português está alinhado com as diretrizes da União Europeia e tem promovido incentivos fiscais e programas de apoio para as empresas que procuram adaptar-se às práticas sustentáveis. Por outro lado, como intermediários financeiros, os bancos têm a responsabilidade e a oportunidade de participar neste processo de transição, oferecendo produtos financeiros adaptados para apoiar esses esforços.

Entretanto, os desafios ambientais e sociais permanecem, assim como os critérios cada vez mais exigentes para uma gestão ética, transparente e eficiente. A transição para uma economia mais sustentável requer um compromisso de longo prazo e uma mudança de mentalidade em todos os setores. Os bancos reconhecem e incorporam essa mudança, conciliando os resultados de curto prazo e as suas estratégias de negócio com os objetivos de sustentabilidade. Esta transformação na cultura das instituições financeiras pressupõe também uma colaboração mais estreita entre os setores público e privado.

O compromisso com a sustentabilidade deve ser levado muito a sério. Se, por um lado, os bancos e as empresas têm de cumprir regulamentação cada vez mais rigorosa, por outro, os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas sustentáveis das instituições. Estas práticas passaram também a influenciar a capacidade de atração de talento, com candidatos e colaboradores cada vez mais exigentes em relação à identificação com a cultura e os valores das empresas onde trabalham. Portanto, qualquer tentativa de lavagem verde por parte de quaisquer empresas, incluindo os bancos, pode resultar em danos reputacionais significativos e difíceis de corrigir. Assim, é crucial que os bancos disponham de uma política clara de diligência devida, excluindo setores poluentes e investindo em áreas de atividade económica que beneficiem a preservação do ambiente, por exemplo.

Em conclusão, o papel dos bancos em Portugal na aceleração da transição sustentável das empresas e da economia é fundamental. Através do financiamento responsávelsim integração de critérios ESG e do apoio técnico às empresasos bancos podem ser os catalisadores da mudança. Se aproveitar esta oportunidade, o setor financeiro poderá contribuir para um futuro mais sustentável e próspero, garantindo a sua própria relevância, crescimento e competitividade, a par do reconhecimento dos clientes, do regulador, do mercado e da sociedade em geral, que estão cada vez mais conscientes das questões ESG.

Fuente