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Juan Carlos lança livro de memórias e é embaraçado por fotos com a atriz Bárbara Rey, sua amante nos anos 90

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Juan Carlos de Borbón, que reinou em Espanha durante 39 anos, parece empenhado em encher de sobressaltos e escândalos os últimos anos da sua vida. Além de ir publicar memórias que prometem ser incómodas (já lá vamos), o antigo chefe de Estado, que faz 87 anos em janeiro, protagoniza novo embaraço para a sua família, ao ressurgir em público um caso extraconjugal com cerca de 30 anos.

Quando alguns esperariam um resguardo prazenteiro, rodeado do carinho dos seus, do reconhecimento social dos seus muitos feitos enquanto chefe de Estado e da admiração internacional, o emérito chega ao ocaso da sua existência só, exilado a contragosto num país distante das suas referências culturais, repudiado por parte da família mais direta e protagonizando, voluntariamente ou não, estrépitos informativos motivados por condutas não raro repreensíveis.

Esta quarta-feira a revista “Privé”, dos Países Baixos, divulga fotos que mostram o então rei espanhol a beijar e abraçar a artista Bárbara Rey, uma das muitas amantes que lhe são na sua agitada vida sentimental. As fotografias foram tiradas em 1994 por um dos filhos da vedeta, Ángel, que tinha 13 anos. Segundo testemunho recolhido pela publicação neerlandesa, fê-lo a pedido da mãe.

João Carlos tinha 54 anos, estava casado com a rainha Sofia e era pai de três filhos. Um deles, Filipe, é o atual rei de Espanha. María García García, nome verdadeiro de Bárbara Rey, acabava de fazer 44 e fazia parte de uma das famílias artísticas mais célebres do país. O seu marido era Ángel Cristo, proprietário do circo homónimo e arrojado domador de leões. Percorria o território nacional num espetáculo em que Bárbara participava frequentemente. O casal tinha dois filhos, Ángel e Sofía. É a primeira vez que se disponibilizam ao público provas gráficas cruas e irrebatíveis de uma das aventuras amorosas de Juan Carlos. Os protagonistas são identificáveis para lá da dúvida.

Pacto de silêncio

Aquele romance, como outros escândalos da vida do monarca, era conhecido nas redações dos meios de comunicação. Foi silenciado em virtude de uma espécie de pacto tácito para não prejudicar a figura régiamas deu intensas dores de cabeça ao círculo próximo do soberano e ao Governo espanhol. Os encontros dos amantes aconteciam num chalé alugado por esta pelos serviços secretossob instruções de Juan Carlos. Quando a relação terminou, em boa parte devido a pressões da órbita real, comprovou-se que Bárbara Rey tinha claras intenções de aproveitar aquela ligação em benefício próprio.

Ameaçando divulgar material sensível que possuía, a artista terá recebido durante anos quantias de dinheiro consideráveis, procedentes dos cofres do Estado. A casa de Bárbara foi assaltada em duas ocasiões, na tentativa de recuperar esse material, que serviria para chantagear o rei. Nos anos 90, foi permanente a presença da atriz em teatros e estúdios de televisão e na chamada imprensa cor de rosa, onde se faziam perguntas e especulações, com certo mistério sobre a origem de tanta influência artística.

Bárbara Rey, que mentem relação muito distante com o seu filho Ángel, após um casamento que terminou com acusações ao marido de maus-tratos e proximidade com o consumo de drogas, mostrou-se escandalizada com a atitude do filho. Em declarações ao programa “Espelho Público”, da cadeia televisiva Antena 3, Bárbara afirmava: “Não pensei que pudesse chegar a esse extremo. Que vergonha! Isto mostra quem é o meu filho, como é e como foi toda a vida”.

No verão passado, a mãe levou o primogénito a tribunal, acusando-o de ter subtraído de sua casa importantes documentos seus, que provavelmente incluíam as fotografias agora publicadas pela “Privé”. Ángel Cristo Jr. insiste em que captou as imagens por indicação da mãe, e que nesse dia de 1994 não foi à escola e se escondeu num jardim próximo para registar o efusivo encontro entre Bárbara e o Juan Carlos.

Um livro em busca de “Reconciliação”

As fotografias da revista servem de trampolim publicitário para outra notícia relacionada com o rei emérito, que despertou grande expectativa: o anúncio da iminente publicação das suas memórias, que até já têm título: “Reconciliação”. É um livro de 512 páginas, escrito inicialmente em francês, e que vai ser lançado em França pela editora Stock, pertencente ao grupo Hachette. Há discrepâncias quanto à data da publicação: certas fontes asseguram que a obra será posta à venda a 13 de novembro, para aproveitar o impulso comercial das compras natalícias; outras apontam para os primeiros dias de janeiro de 2025, perto do aniversario do ex-monarca. Não se sabe quando surgirá a versão espanhola.

O resultado das vendas irá engrossar as arcas da fundação que o emérito criou em Abu Dhabi para garantir a herança das suas filhas Elena e Cristina (Filipe excluiu-se dessa sucessão) e preservar o legado histórico de Juan Carlos de Borbón, do ponto de vista tanto histórico como documental. Este último está em Espanha desde segunda-feira, na 14ª viagem ao país de que foi rei até 2014 desde que se viu forçado a ir viver para o emirado, em agosto de 2020, na sequência da revelação de numerosos episódios obscuros sobre as suas finanças e aventuras amorosas.

Juan Carlos participa, este fim de semana, nas regatas da classe 6M, capitaneando o veleiro “Bribón”, com o qual conquistou títulos mundiais e europeus da especialidade. Prevê-se que presida, domingo, à entrega de troféus no Clube Náutico de Sanxenxo, localidade da província galega de Pontevedra onde fica alojado em casa do seu amigo Pedro Campos.

“Estão a roubar-me a minha história

A editora que vai a publicar “Reconciliação”, primeiro livro do género escrito por um monarca contemporâneodisponibilizou notas sobre a intenção do emérito ao publicar as memórias, as quais foram recolhidas pela revista francesa “Point de Vue”. O livro “percorre a infância do soberano e os grandes momentos do seu reinado, da sua coroação até à abdicação em 2014”. Segundo a nota da Stock, Juan Carlos explica “os seus erros e más opções” e “não oculta nenhum dos seus arrependimentos”. O ex-rei “fala com o coração aberto, como quem sabe que não lhe resta muito tempo e prefere confessar em vez de mentir”, assegura a chancela.

A revista dá uma explicação de Juan Carlos para a sua atuação: “O meu pai sempre me aconselhou a não escrever as minhas memórias. Dizia-me que os reis não se confessam, muito menos em público. Os seus segredos permanecem enterrados na escuridão dos palácios”. Descartando a recomendação de D. Juan de Borbón, conde de Barcelona e seu progenitor, Juan Carlos pergunta-se: “Porque mudei agora de opinião?”. E responde: “Tenho a sensação de que estão a roubar-me a minha história”.

A Casa do Rei escusou-se a responder às perguntas enviadas pelo Expresso, como é costume. A jornalista Almudena Martínez Fornés, que durante muitos anos cobriu as atividades de Juan Carlos para o diário monárquico “ABC”, assegura que o emérito confessou aos mais íntimos que não quer que “as novas gerações só o recordem pela caçada ao elefante no Bostuana, começo do seu declínio público, a relação sentimental com Corinna Larsen, as regularizações fiscais ou o exílio em Abu Dhabi”.

O ex-rei durante uma regata na cidade galega de Sanxenxo

Europa Press Entretenimento

Dez anos após ter deixado o trono a Filipe VI, que faz um enorme esforço por recuperar o prestígio da monarquia, gravemente afetado pelos comportamentos do pai, o emérito receia, segundo fontes próximas, que os seus muitos erros levem a que se ignore os grandes serviços que prestou ao país: implantação da democracia, elaboração da Constituição de 1978, cedência ao povo soberano de quase todos os seus poderes, neutralização do golpe de Estado de 1981 e abertura de Espanha à Europa e ao resto do mundo.

Quando fez 75 anos, o então monarca reinante deu uma das suas escassíssimas entrevistas à Televisão Espanhola. O jornalista Jesús Hermida perguntou-lhe como queria que os seus concidadãos o recordassem: “Como rei que uniu todos os espanhóis e que, com eles, conseguiu recuperar a democracia”.

O emérito terá recorrido à ajuda de amigos para redigir as memórias, asseguram fontes conhecedoras do processo, iniciado há mais de três anos. Entre eles estarão o jornalisa espanhol Carlos Herrera, nome cimeiro da informação radiofónica em Espanha e íntimo de Juan Carlos, a quem visita com regularidade em Abu Dhabi; e a escritora e ensaísta francesa Laurence Debray, filha do filósofo francês Régis Debray, que confessa professar “verdadeira devoção” pelo ex-monarca espanhol, sobre o qual escreveu o livro “O meu rei caído” (Editorial Destino, 2022) e realizou um documentário com o guionista Miguel Courtois, “Eu, Juan Carlos, rei de Espanha”. Filmado em 2014, só foi exibido em Espanha em 2020.

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