Home Entretenimento Música clássica: prova de vida em tempo de crise

Música clássica: prova de vida em tempo de crise

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Finalmente, o nosso único teatro de ópera — ou quem o dirige — deve sentir-se bem. Não têm que programar uma temporada de ópera, vão ao caixote do lixo reciclar para o Porto uma opereta com libreto revisteiro e encenação rasca, prometem uma “Jenufa” para março, e pedem à Orquestra Sinfónica Portuguesa e ao Coro do Teatro Nacional de São Carlos que façam prova de vida. A solução óbvia era montar uma temporada de ópera no CCB — também tutelado pelo Estado — mas “em Portugal, o óbvio é que é difícil” (nas palavras eternas de um grande escritor). O descalabro é total. Não souberam escolher um diretor artístico num concurso pseudointernacional (com um júri nacional juntando os suspeitos do costume e apenas um musicólogo), e agora entram em percorrer com a lata da casa. Eu sei que os euros não chegam para mandar cantar um cego, num teatro inchado de pessoal que pouco produz. Basta comparar com os tempos em que apresentavam sete ou oito títulos por temporada, com grandes cantores e encenadores internacionais. Enfim, o ‘problema português’ em ação: uma instituição nacional entregue a “um regime oligárguico-parasitário […] onde grupos de indivíduos tratam dos seus interesses em detrimento dos interesses gerais” do país, tal como definido pelo historiador, ensaísta e professor Augusto Reis Machado, sobrinho do notável compositor Augusto Machado, autor da “Maria da Fonte” (maltratada pelo São Carlos).

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