O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, apela aos partidos para não deixarem que a discussão do Orçamento do Estado seja um mecanismo para derrubar governos. “Não podemos deixar que se transforme esta situação numa moção de censura”, disse, em entrevista ao jornal “Público” e para “Rádio Renascença”.
“O orçamento é nós olharmos para o interesse superior do país e vermos qual é esse interesse superior neste momento”, refere, frisando que, na sua opinião, os portugueses não querem ir de novo às urnas. “Neste momento acho que os portugueses não querem novas eleições, não compreenderiam que nós, políticos e na Assembleia da República, não encontrássemos o consenso que permitisse não termos uma terceira eleição em três anos”.
Aguiar-Branco, que é presidente da Assembleia da República há seis meses, considera que é necessário ter em conta o “compromisso” que os deputados têm “com os eleitores”, uma vez que estes “votaram para uma legislatura de quatro anos”. “Foi esse o compromisso, meu, mas também dos líderes partidários eleitos deputados. Quer o Luís Montenegro, quer o Pedro Nuno Santos, quer o André Ventura têm esse compromisso de mandato com o eleitorado que os elegeu para estar quatro anos”, continua.
O antigo ministro da Defesa salienta ainda que a negociação entre os partidos deve ser “discreta” e “recatada”. “Isto não tem nada a ver com opacidade; tem a ver com querermos atingir um resultado que muitas vezes não é possível se tivermos a discussão na praça pública, porque por aí temos que satisfazer outros eleitorados”, esclarece.
