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Manifestação anti-imigração do Chega e contramanifestação antirracista podem encontrar-se de novo em Lisboa. PSP diz estar preparada

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O centro de Lisboa será, no domingo, novamente palco de duas manifestações de totais opostos ideológicos. De um lado, o protesto “Salvar Portugal” marcado pelo Chega, contra o que diz ser uma “imigração descontrolada”, apontando o dedo a pessoas muçulmanas; do outro, a contramanifestação “Não Passarão” de coletivos antifascistas, que condenam o uso pelo Chega de imagens com estereótipos islamofóbicos e de criarem uma falsa ligação entre imigração e crime.

Os dois eventos estão previstos para a mesma zona da capital, com a marcha do Chega a começar às 15h30 na Alameda D. Afonso Henriques e a terminar no Martim Moniz, percorrendo toda a Avenida Almirante Reis – uma zona com uma enorme concentração de diferentes culturas e etnias, e uma considerável população imigrante. No meio da avenida e da marcha está o Largo do Intendente, onde vai realizar-se, às 15h00, a contramanifestação em defesa da comunidade imigrante, promovida como uma concentração com música, “contra o racismo, o facismo e a islamofobia”.

Perante a possibilidade de novos confrontos entre grupos de extrema-direita e grupos em defesa dos direitos de pessoas racializadasa Polícia de Segurança Pública (PSP) disse que estará preparada para intervir, prometendo garantir “em primeira mão, o livre exercício do direito de reunião e manifestação; e, em segunda mão, garantindo que não haja quem prejudique ou que se oponha a este livre exercício de reunião e manifestação, prevenindo e limitando comportamentos que (…) são proibidos, nomeadamente o uso da violência.”

RUI DUARTE SILVA

Ao Expresso, a PSP explicou que emitiu um parecer e que articulou “no sentido de alertar as organizações das referidas manifestações sobre os limites que a lei impõe”. Essa lei impede “duas manifestações de interesses antagónicos de estarem nos mesmos lugares e espaços temporais, exigindo, nos termos legais, que quem apresentou a sua intenção por último, tenha que escolher outro lugar”.

A força de segurança acrescenta que tem o seu “planeamento pronto” para a marcha do Chega e o protesto antifascista, prometendo que travará “qualquer constrangimento à realização das manifestações e ao livre exercício do direito de reunião e manifestação”.

A PSP não adiantou, contudo, que tipo de dispositivo policial estará no local e qual das manifestações é que considera ter sido a primeira a ser marcada – contudo, o protesto “Não Passarão” surgiu em resposta à marcha do Chega, anunciada em agosto, e foi divulgado mais tarde, pelo que as autoridades poderão dar prioridade ao trajeto dos militantes do Chega.

Na quinta-feira, André Ventura apelou a que as autoridades policiais e municipais impedissem o possível encontro entre as duas manifestações, atirando quaisquer responsabilidades sobre possíveis confrontos físicos para a esquerda parlamentar. “Metam a mão na consciência e compreendam que a provocação de insultos ou a tentativa de boicotar o trajeto que os manifestantes farão no domingo pode levar a situações absolutamente indesejáveis de ordem pública. Tudo faremos para garantir que isso não aconteça”, disse o líder do Chega.

Facebook/Chega/Stop Despejos

Campanha anti-imigração marcada por violência e desinformação

Nos últimos meses, membros de grupos de extrema-direita, em protestos contra a imigração em Portugaltêm-se envolvido com autoridades e com coletivos maioritariamente de esquerda, como em Lisboa no dia 10 de junho. Esses coletivos acusam a extrema-direita de discurso de ódio contra imigrantes, ao alegarem erroneamente que o aumento da imigração tem contribuído para um aumento da criminalidade – algo que tem sido negado pelo Governo e pelo primeiro-ministro.

Apesar do facto, o Chega tem promovido a sua manifestação afirmando, nas redes sociais, que o país é “refém da imigração descontrolada e da insegurança que daí resulta”. O cartaz divulgado na rede social X (antigo Twitter) usa a figura de uma mulher vestindo uma burca e um homem aparentemente árabe, com uma arma. Os coletivos que se associam à contramanifestação acusam o partido de André Ventura de “atos como a ‘caça ao imigrante’ ou a manipulação de gravações de imigrantes não falantes de português enquanto propaganda racista”.

O protesto do Chega foi convocado inicialmente para o dia 21 de setembro, mas André Ventura adiou-o em “solidariedade” com as vítimas dos fogos florestais no centro e norte do país.

Alguns órgãos de comunicação têm noticiado sobre a interferência de grupos de extrema-direita violentos nos eventos do Chega, incluindo nesta manifestação. No dia 5 de outubro, está prevista outra manifestação anti-imigração, desta feita em Guimarães, organizada pela organização neonazi Grupo 1143, liderada por Mário Machado. Tanto o Grupo 1143 como o Reconquista, outro grupo ultranacionalista, elogiaram o Chega por realizar a manifestação, segundo o “Diário de Notícias”.

André Ventura garantiu, numa conferência de imprensa na quinta-feira, na Assembleia da República, que “qualquer tentativa de associar esta manifestação a qualquer grupo não corresponde à realidade dos factos”, não deixando de acrescentar que aceita qualquer pessoa no protesto, desde que estejam descaracterizados e que respeitem “as instruções das autoridades policiais”.

Ó“DN” também avançou que a “maior manifestação de sempre do Chega” que Ventura tem prometido, com “mais de três mil inscritos” e autocarros vindos de vários pontos do país, pode ter um asterisco. Dirigentes concelhios contaram ao jornal que o líder do partido avisou que haveria “consequências políticas para aqueles que decidirem relaxar e virar as costas ao partido”, olhando para o evento como “uma prova de fogo”.

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