A ministra da Administração Pública, Margarida Blasco, afirmou que os bombeiros “estão neste momento na mesa de negociações” e que essas conversações “vão continuar”, lembrando que estes profissionais “estão a tentar ter o estatuto de bombeiro” e que essas reinvindicações “duram há 22 anos”.
As declarações foram feitas em reação ao protesto dos bombeiros sapadores que invadiram esta quarta-feira as escadarias da Assembleia da República, em Lisboa, num protesto em que reivindicam acertos salariais e regulamentação do horário de trabalho.
Segundo a ministra, as negociações com os bombeiros “estão a decorrer a bom ritmo” e a última reunião aconteceu na passada sexta-feira. “ São várias negociações no sentido de chegarmos a bom porto relativamente ao estatuto dos bombeiros”, frisou a ministra.
“É à mesa das negociações que se fazem os acordos e este Governo tem dado provas disso. Já negociou com as forças de segurança, os enfermeiros, oficiais de justiça, guardas prisionais e forças armadas”, afirmou.
Margarida Blasco elogiou ainda o papel das forças de segurança no protesto desta quarta-feira. “Relativamente aos elementos de forças de segurança, uma palavra de apreço pela forma como defenderam e mantiveram a paz pública em frente a um órgão de soberania, como é a a Assembleia.”
De acordo com a Lusa, o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) espera mais de mil manifestantes, vindos de todo o país, na concentração em São Bento que teve início ao meio-dia ao som de heavy metal e rock n’roll. “Sapadores em luta” é a frase escrita nas t-shirts pretas que muitos vestem.
Alguns dos bombeiros, fardados, começaram a subir a escadaria da Assembleia da República, em Lisboa, sempre acompanhados por agentes da PSP, que tentam manter um cordão para os impedir.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, Ricardo Cunha, na origem do protesto desta quinta-feira, está a ausência de valorização salarial das carreiras não revistas da Função Pública e um compromisso de 2023 do anterior Governo para efetuar essa valorização com retroatividade a janeiro de 2023 que não foi cumprido e que o atual Governo também não concretizou, apesar do alerta feito pelo sindicato em maio.
“Na altura, o sindicato solicitou que a atualização fosse de 104 euros. Os bombeiros sapadores foram das pessoas que mais perderam poder de compra comparativamente ao salário mínimo nacional (SMN). Em 2002, um bombeiro sapador ganhava 2,5 vezes o salário mínimo nacional e agora ganha pouco mais do que 50 euros acima do SMN. É lamentável não haver por parte dos governos uma resposta a estas solicitações dos bombeiros”, referiu, citado pela Lusa.