Era uma vez, o quatro vezes vencedor do Oscar Woody Allen era considerado um dos melhores cineastas dos Estados Unidos. Havia um sentimento realista e vivido em seus personagens, todos armados com uma língua tão afiada que podiam rasgar um pedaço de papel em confete. Allen frequentemente atuava em seus filmes, e suas distintas inflexões vocais e padrão de fala o tornaram uma figura como William Shatner, Christopher Walken e Arnold Schwarzenegger, pois quase todo mundo tem uma impressão de Woody Allen. Mas o cineasta agora semi-aposentado é conhecido por mais do que apenas sua filmografia, gagueira característica ou declarações repetitivas — Allen também foi acusado de agredir sexualmente sua filha adotiva Dylan Farrow e ganhou as manchetes quando se casou com a enteada adotiva de sua ex-companheira Mia Farrow, Soon-Yi Previn, apesar de conhecê-la desde que ela tinha 10 anos.
Chamar Woody Allen de uma figura controversa é um eufemismo enorme, mas ele também é alguém que foi tão prolífico e tão popular que se tornou incorporado à cultura pop. Tanto que ele alcançou o verdadeiro sinal de ser um “alguém”, ao ser citado e posteriormente aparecer como um personagem em “Os Simpsons”. Aparecendo pela primeira vez no episódio “A Cidade de Nova York vs. Homer Simpson”, Allen foi mencionado várias vezes ao longo da série, incluindo a vez em que estava fazendo um comercial para a Fujikawa Rice Crackers vestido como um boxeador. Ao contrário de outras celebridades que apareceram como eles mesmos, Allen nunca pisou na cabine de dublagem do programa. Isso porque, de acordo com o livro “Springfield Confidential: Jokes, Secrets, and Outright Lies from a Lifetime Writing for The Simpsons” de Mike Reiss e Mathew Klickstein, a equipe criativa já tinha um grande imitador de Woody Allen em casa.
Quem precisa de Woody Allen?
Woody Allen já tinha sido citado em “Os Simpsons” antes de se tornar público que ele era, para dizer o mínimo, um canalha. Então, alguns fãs podem pensar que a decisão de não incluir o real Woody Allen no programa foi uma decisão tomada por motivos morais. Na realidade, é porque “Os Simpsons” tem um elenco de dubladores ridiculamente talentoso que consegue fazer suas próprias imitações de celebridades muito bem. Em vez de pagar um prêmio para um diretor requisitado tirar um tempo de suas agendas ocupadas para gravar falas, eles podem simplesmente usar seus funcionários diários para fazer um trabalho tão bom quanto.
“Tudo isso levanta a questão pertinente: Por que usamos estrelas convidadas? Afinal, nosso elenco pode imitar qualquer um na Terra”, afirma o livro. “Na verdade, uma vez escrevemos um show inteiro para Woody Allen, mas Dan Castellaneta fez uma imitação tão certeira nos ensaios que decidimos: ‘Quem precisa de Woody?'”
Essa prática não é exclusiva de “Os Simpsons”. “Family Guy” tem utilizado o comediante Josh Robert Thompson para dar voz a Deus (também conhecido como Morgan Freeman) por anos, e muitos fãs não ficaram sabendo. Não é apenas uma medida inteligente e econômica para a série, mas também permite que o talento que mantém o show funcionando sem adições de celebridades flexione suas habilidades além de seus personagens do dia a dia.
Woody Allen não ganha um salário adicional, e os dubladores podem adicionar um novo personagem à sua lista. Isso é uma vitória para todos.
