O candidato republicano à vice-presidência, o senador do Ohio JD Vance, expôs aquele que diz ser o plano de Donald Trump para acabar com a guerra na Rússia. Uma das novidades dessa estratégia seria a criação de uma “zona desmilitarizada” no território ucraniano agora ocupado pela Rússia.
“Acho que Trump se senta e diz aos russos, aos ucranianos, aos europeus: ‘Têm de descobrir. Como é um acordo pacífico?’ E o que provavelmente parece ser é a atual linha de demarcação entre a Rússia e a Ucrânia tornar-se uma zona desmilitarizada”, afirmou Vance, na quarta-feira, em entrevista ao “The Shawn Ryan Show”.
Vance acrescentou que a zona desmilitarizada seria “intensamente fortificada para que os russos não invadissem novamente”. A Rússia controla agora cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014, juntamente com partes da região do Donbas, e uma área adicional significativa que vai de norte a sul, na parte leste do país.
O republicano escolhido por Trump para seu vice não especificou quem controlaria a “zona desmilitarizada”, mas assumiu que a “atual linha de demarcação” se manteria, o que significa que a Ucrânia não recuperaria o território que a Rússia ocupa agora.
No plano apresentado por J. D. Vance, o território que resta à Ucrânia, por não estar sob ocupação russa, manteria a sua independência, em troca de uma garantia de neutralidade. Por outras palavras, a Ucrânia não aderiria à NATO ou a outras “instituições aliadas”.
Donald Trump várias vezes afirmou que poria fim à guerra imediatamente, se regressasse à Casa Branca, mas os republicanos têm sido omissos na explicação dos seus planos. Durante o debate presidencial contra Kamala Harris, Trump disse que, se for eleito em novembro, “conseguiria fazê-lo mesmo antes de se tornar Presidente”. Também referiu – apesar de ser falso – que os Estados Unidos gastaram entre 250 e 275 mil milhões de dólares com a Ucrânia, mais do dobro do que os países europeus gastaram. Segundo o Instituto Kiel, da Alemanha, no final de junho os países europeus tinham alocado 110 mil milhões de dólares, face a 83 mil milhões dos EUA.
Na sua entrevista ao podcast de Shawn Ryan, Vance adotou um discurso que se assemelha à retórica que o antigo Presidente republicano usava contra a NATO. A Europa “subfinanciou esta guerra, enquanto os contribuintes americanos têm sido muito generosos”, argumentou. O senador garante que a política de Biden é “injetar dinheiro neste problema e esperar que os ucranianos sejam capazes de alcançar uma vitória militar que mesmo os ucranianos dizem que não podem alcançar”. Em oposição, salienta, “a política de Donald Trump é forte, mas também inteligente”: é “negociar”.
O número dois da candidatura republicana à Casa Branca considerou ser ainda “falso” e “errado” definir o conflito como “a grande missão humanitária do nosso tempo”. Acrescentou que é de “mentalidade de conto de fadas” considerar a guerra uma batalha entre “bem contra o mal.”
Na perspetiva de Vance, a Rússia “não devia ter invadido” a Ucrânia, mas “os ucranianos também têm muitos problemas de corrupção”.
