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Os meus filhos perguntam-me sobre os incêndios e sobre a escola na Azambuja, como devo explicar-lhes o que aconteceu? Um guia de nove passos

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Dos incêndios ativos nas regiões Norte e Centro ao esfaqueamento na escola da Azambuja, a semana é marcada por tragédias. Como podem estas situações ser comunicadas a crianças? O Expresso contactou duas especialistas que nos guiaram num manual de boas prática quando a pergunta surge: “O que é que aconteceu?”.

“Exige sensibilidade, conhecimento sobre a fase de desenvolvimento em que se encontram as crianças e, acima de tudo, a capacidade de criar um ambiente seguro”, explica Filipa Rouxinol, psicóloga clínica, neuropsicóloga e psicoterapeuta informada em trauma.

É, como afirma Renata Benavente, também ela psicóloga clínica, “difícil ter uma receita” para a comunicação de tragédias a crianças. Esta depende, desde logo, de fatores como a idade e a capacidade cognitiva.

1. Conversar no momento certo

A comunicação deve ser feita “assim que a criança demonstrar interesse ou expressar desconforto emocional e físico”, como, por exemplo, “choro, irritabilidade, medo de dormir sozinha ou medo de estar ou ir a locais relacionados com as situações traumáticas”, explica Filipa Rouxinol. O ideal é que “os cuidadores sejam os primeiros a informar a criança”. Obter informações através de outras fontes “pode gerar confusão ou medo”.

2. Manter-se calmo e regulado

Renata Benavente salienta a importância de que o adulto encontre, antes de iniciar a conversa, “um nível mínimo de estabilidade”, algo nem sempre “fácil”, admite, dado, “por vezes, o próprio adulto não se sentir seguro”.

“Um adulto regulado é essencial para ajudar a criança a processar a experiência traumática”, reforça Filipa Rouxinol. “É através da autorregulação do cuidador que se promove a correlação emocional e facilita a recuperação do equilíbrio do sistema nervoso da criança”. Segundo a psicóloga, também “o contacto visual suave, o tom de voz baixo e gestos delicados, como um toque no braço ou ombro, caso a criança permita, podem reforçar a sensação de segurança”.

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