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BLITZ 40 anos: “Fizemos um editorial com os Wraygunn que foi super especial”, Selma Uamusse

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No momento em que entramos em contagem decrescente para a grande festa dos 40 anos da BLITZ, na Meo Arena, em Lisboa, a 12 de dezembro – com concertos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que vão ao baú resgatar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos, também, uma mensagem para o futuro.

“Para mim, havia uma espécie de mística: era um jornal só do pessoal alternativo e eu sempre fui aquela miúda que comprava a Bravo e Popcorn porque gostava muito de saber as letras das músicas”. Depois de recuar até à primeira edição do jornal BLITZ que comprou quando tinha “15 ou 16 anos”, e que diz ter guardado durante muitos anos, Selma Uamusse recorda um artigo em particular no qual que se viu nas páginas da publicação: “fizemos um editorial para a BLITZ com os Wraygunn que foi super especial. Fomos fazer umas fotografias num motel e tenho muito presente essa sessão com a Rita Carmo. Depois, a posteriori, também comigo já a solo”.

Sobre o contributo que a BLITZ tem dado à música em Portugal, Selma destaca “o posicionamento dos artistas portugueses no mesmo patamar de artistas estrangeiros”, que considera ser “um papel fundamental da publicação”. “Para mim, foi disruptivo. O trabalho que tem sido feito pela BLITZ destaca-se exatamente por isso, pela valorização daquilo que é música nacional e principalmente daquilo que não é, se calhar, a música mais popular, mas a música em vários quadrantes: há alguma democratização da música. Lembro-me de muitas capas com artistas portugueses, que é uma coisa que acho super importante e relevante”.

“Aquele primeiro jornal que comprei e guardei durante muitos anos tinha Silence 4 e Pearl Jam. Eram artigos que eu lia com uma avidez… as letras eram pequeninas, portanto o jornal estava super cheio, tinha imensa informação. Hoje, ninguém pegaria naquilo”, recorda ainda a artista, “quando comecei a cantar com os Wraygunn, passei a estar mais conectada com o lado da crítica de música. Primeiro, lia na ótica do público, depois passei a ler também na ótica de artista”. Voltando ao presente, pede: “gostava que a BLITZ fosse resistente e resiliente, que conseguisse não se vergar àquilo que podem ser as coisas de consumo mais rápido e pudesse continuar esse posicionamento de dar destaque à música portuguesa”.

Admitindo o desafiante que é manter uma publicação de música, acrescenta: “a BLITZ precisa de continuar a ser teimosa, a dar conteúdos de música, a criar conteúdos musicais, a informar sobre o que está a ser feito, quem está a fazer, quem são os recém-chegados e os que fazem parte da velha guarda e continuam a inspirar… Com a qualidade na escrita, nos conteúdos e na imagem que são três marcos que a BLITZ sempre tentou respeitar e que, se calhar, nesta senda de tentar manter-se na mesma velocidade que outras publicações, sinto que tem perdido um pouco, e, com isso, também, se calhar, perdido alguma atenção de quem realmente quer saber de conteúdos musicais”.

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