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Equilíbrio foi ideia chave entre revelações e sorrisos

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Foi Jerónimo Portela, atleta de alta competição, quem fez uma revelação que arrancou sorrisos na sala durante o aniversário da Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas (PROBEB), já na terceira e última mesa de debate do evento, denominada “Conversas Improváveis”.

“Um exemplo curioso daquilo que é uma rotina na nossa seleção, que fomos criando ao longo dos anos, é que todas as noites, antes dos jogos, vamos dar um passeio e, todos juntos, comemos um gelado ou bebemos uma coca-cola. Já faz parte da nossa rotina pré-jogo e acredito que contribui não só para o bem-estar da equipa, mas também para o bom espírito do grupo”, revelou o jogador, que, quando questionado sobre se essa “rotina” não tem influência negativa no rendimento da equipa, foi claro: “Tem é sido positivo nos últimos anos”. Ainda assim, o jogador reconheceu que não dispensa “uma alimentação equilibrada”: “No dia a dia procuro seguir o plano do nutricionista, mas é importante conjugar alimentos dos quais possa desfrutar, pois contribui para a minha condição física, mas também para a saúde mental. A alimentação, durante a competição, é bastante mais rigorosa, mas procuro manter sempre os mesmos princípios e hábitos”, explicou.

A palavra “equilíbrio” esteve presente no seu discurso. “É fundamental no estilo de vida, sendo que o conhecimento é a base da liberdade e permite-nos fazer as melhores escolhas”, disse. O mesmo equilíbrio defendido por Catarina Beato, blogger e escritora, mãe de quatro filhos. “Cresci numa casa em que não havia açúcar ou refrigerantes, e isso resultou numa criança que estava desejosa de ir passar a tarde a casa das amigas e onde facilmente em trinta minutos bebia dois litros de sumo. Agora como mãe, vejo aquela criança que chega a uma festa e está desesperada para consumir tudo aquilo que não pode comer em casa”, afirmou. E, “numa perspetiva de equilíbrio, pois o fruto proibido, quando dizemos ‘não pode’, torna-se a nossa maior vontade”, a escritora defendeu que “tudo tem de estar naturalmente presente nas nossas vidas, o equilíbrio serve para tudo nesta vida”. “Não substituímos a água por outras bebidas. A água tem a sua função, mas as outras também sabem bem”, rematou.

Também Maria João Campos, da Ordem dos Nutricionistas, reconheceu que “não se acompanha cozido à portuguesa com água e não nos podemos esquecer que estamos em Portugal, defendemos uma alimentação mediterrânea”. “A água é a melhor bebida, mas a parte social e cultural tem de estar presente na nossa mente quando aconselhamos”, afirmou, adiantando que “é utópico pensar que as pessoas vão comer só alimentos saudáveis todos os dias”. A especialista em nutrição lamentou, porém, que “a literacia alimentar não flua da maneira como devia fluir” até porque “na reciclagem a educação começou nas escolas. As crianças começaram a reciclar e levaram informação para os pais”. Ou seja, “se queremos atuar no ensino da melhor escolha alimentar, temos de começar pela prevenção”, opinou e deixou sugestão: “É muito importante ter nutricionistas nas escolas, onde os professores fazem um trabalho fantástico neste tema, para melhorar na escolha informada. E está a faltar isso em Portugal”.

“Não se acompanha cozido à portuguesa com água e não nos podemos esquecer que estamos em Portugal, defendemos uma alimentação mediterrânea””, lembra Maria João Campos

O mesmo imposto com menos açúcar

Se as “Conversas Improváveis” foram o momento mais descontraído, a tarde ficou marcada por quatro temas: o esforço da indústria na redução de açúcares, o imposto sobre os açúcares nos refrigerantes, a sustentabilidade e o Sistema Devolução/Reembolso (SDR). Foi reforçado o facto dos açúcares terem sido reduzidos em 51,3% nos últimos anos, pelo que o imposto, criado em 2017, “vai ultrapassar, em oito anos, os €500 milhões”, como vincou o fiscalista Afonso Arnaldo Machado. “Surgiu para induzir um menor consumo e incentivar as empresas a reduzir o açúcar nos refrigerantes, o que já ocorreu por autorregulação do sector, até em maior medida do que o acordado com o Estado”, afirmou, realçando as desigualdades com Espanha, por exemplo, onde este imposto “não existe”.

“Vamos continuar a lutar contra este imposto”, garantiu Márcio Cruz, presidente da PROBEB, no discurso de encerramento, defendendo que o mesmo “está esgotado”. O discurso de abertura esteve a cargo de Francisco Furtado Mendonça, diretor-geral da associação.

foi o nível de açúcar que baixou nos refrigerantes nos primeiros quatro anos, quando a meta era 10%. Até este momento os açúcares já baixaram 51,3€

O endocrinologista João Jácome de Castro foi outro dos oradores. “Este tipo de mercados, evoluindo com mais bebidas açucaradas, mas tendo menos açúcar, com poucas ou nenhumas calorias, vai com certeza prevenir, que é um dos passos que temos de dar para a melhoria das populações”, afirmou, avançando com um exemplo que arrancou gargalhadas à sala: “O senhor Magalhães bebe um gin tónico ao final da tarde com a sua mulher, a dona Joana. Agora têm a possibilidade de o fazer com uma água tónica com poucas calorias. Isso faz toda a diferença. Pode pôr gelo, limão, aquelas coisas todas, se quiser, claro, e água tónica. Isso faz toda a diferença”.

E prosseguiu com outro exemplo: “E o tinto de verão, como fazem os espanhóis? Em vez de ser com seven-up, sprite ou seja o que for, têm agora possibilidade de comprar esses refrigerantes com poucas ou nenhumas calorias, misturam o vinho e metem umas rodelas de laranja. E estão a ganhar…”. “É óbvio que faz melhor beber um copo de água, mas faz mal beber um copo de vinho? Nós, endocrinologistas, até defendemos que o vinho pode fazer bem…”, comentou, elogiando a inovação na indústria, que classificou de “muito interessante”. Já Nicholas Hodac, diretor-geral da UNESDA, realçou que “é muito bom quando reconhecem o nosso trabalho”.

“É preciso evitar os riscos da inação e de fazer de conta, temos de adotar estilos de vida saudáveis”, reforça Luís Rochartre

Sustentabilidade e SDR

A associação não esquece as transformações na indústria ao longo dos anos e Luís Rochartre, especialista em sustentabilidade e colega da indústria (Universidade Católica), lembrou que, em relação a esta matéria, “é preciso acelerar para regenerar” e que “temos cada vez menos tempo”. “Temos de combater a insustentabilidade ou criar sustentabilidade? É preciso evitar os riscos da inação e de fazer de conta, temos de adotar estilos de vida saudáveis. Os pequenos avanços não chegam, temos de avançar para a regeneração”, defendeu.

milhões é quanto o imposto sobre os açúcares, criado em 2017, já atingiu

O Sistema Depósito/Reembolso (SDR) foi outro tema em destaque. Aqui, a palavra pertenceu a António Casanova, presidente da Circular Drinks, que classificou o mesmo de “salto qualitativo” na reciclagem, explicando que “pretende gerar um fluxo individualizado, com triagem, de embalagens que vão ser recicladas para originar novas embalagens”. “Façamos todos uma autocrítica. Estamos atrasados… A lei saiu em 2018 e o sistema devia arrancar em janeiro de 2022. A verdade é que viemos trabalhando ao longo dos tempos, demos todos as mãos, mas a legislação que regulamenta o sistema só saiu este ano. É inaceitável”, lamentou, revelando que o SDR deve iniciar-se em Portugal no dia 1 de janeiro de 2026. “A Suécia lançou este sistema em 1984. Seguiu-se Noruega, Islândia… Vejam a distância”, anotou.

O que é?

Está previsto que seja implementado em Portugal a partir do dia 1 de janeiro de 2026 e visa incentivar os consumidores a devolverem as garrafas e latas usadas em pontos de coleta específicos. Em troca recebem o reembolso.

Qual é o objetivo?

É promover a reciclagem e reduzir o impacto ambiental dos resíduos de embalagens, alinhando-se com as metas de sustentabilidade.

O que é preciso para implementar?

“Quando o sistema arrancar, vamos ter de ter bons planos de marketing, vamos ter de criar notoriedade para o sistema”, explicou António Casanova, defendendo que a divulgação do SDR terá de começar a ser feita no final de 2025.

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