Cristina Gatões, ex-diretora nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), indicou, em tribunal, que apenas teve conhecimento através da comunicação social de que a Polícia Judiciária (PJ) estava a investigar três inspetores suspeitos da morte de Ihor Homeniuk. No segundo julgamento relativo à morte do cidadão ucraniano detido no centro do SEF no aeroporto de Lisboa, em março de 2020, afirmou que não tinha motivos para suspeitar que a morte não tinha sido causada por causas naturais, avança o Diário de Notícias.
Ihor Homeniuk
DR
A responsável máxima do agora extinto SEF assegurou nunca ter visto os emails enviados para o seu correio eletrónico que informavam que a PJ tinha iniciado uma investigação. “Não era eu que acedia a esse email”, assegurou, mas sim membros do seu gabinete, que, consoante a informação, decidiam quais as comunicação que lhe seriam reencaminhadas.
Relativamente ao relatório de detenção do cidadão ucraniano, Cristina Gatões indicou que não leu nada de “preocupante”. Questionada sobre as cerca de oito horas que Ihor Homeniuk ficou algemado e que constavam no relatório, a ex-diretora referiu que não se lembrava de ter lido essa informação. O atraso de quatro dias no preenchimento deste documento também não lhe terá causado qualquer estranheza.
“Não me recordo se havia uma regra ou orientação escrita sobre algemagem”, afirmou quando questionada sobre as diretivas em vigor à data da morte de Ihor Homeniuk. Contudo, admitiu que as pessoas algemadas não deveriam ser deixadas sem supervisão. Também desconhecia o regulamento de detenções no centro do aeroporto de Lisboa.
Esta foi a primeira vez que a ex-diretora do SEF prestou declarações em tribunal. Em 2022, tinha prestado um depoimento da Inspeção-Geral da Administração Interna relativamente a um inquérito disciplinar de um dos seus inspetores, que é uma testemunha principal no caso de Homeniuk.
